Serviços impulsionam resultado positivo do Caged em setembro, dizem economistas

/

Serviços impulsionam resultado positivo do Caged em setembro, dizem economistas

O total de empregos gerados no setor de serviços no Brasil foi o destaque no resultado do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Só neste setor foram criados 122.562 postos, com destaque para os subsetores de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com saldo de 59.210 vagas no mês. Ao todo, o Brasil abriu 278.085 vagas formais de trabalho em setembro. No acumulado de 2022, o saldo de empregos formais é de 2.147.600, decorrente de 17.614.259 admissões e 15.466.659 desligamentos. De acordo com relatório do Inter, o setor de serviços, após sofrer forte impacto da pandemia, vem apresentando uma tendência de crescimento mais acelerada nos últimos trimestres. Este setor é o que mais emprega no Brasil. “Esse fenômeno é justificado pela aceleração do consumo de bens após a primeira onda e disponibilidade de renda, mas ultrapassada pela retomada da tendência de aumento da participação do setor de serviços na economia – um processo universal, observado em diversas outras nações”, mostra o relatório. Ainda segundo análise do Inter, particularmente no Brasil, as reformas microeconômicas, como a flexibilização da legislação trabalhista e maior liberdade de empreender, podem ter impulsionado o crescimento do setor, com o avanço do uso da tecnologia fortemente atrelado aos setores de serviços. Na análise entre formal e informal, o documento observa que o crescimento das contratações em serviços tem sido maior no mercado de trabalho formal desde o início da pandemia. Os dados do Caged mostraram um aumento substancial de aproximadamente 2 milhões (+11,1%) de empregos nos setores de serviços desde fevereiro de 2020. “Assim como vimos nos dados do Pnad, a melhora no Caged é disseminada entre todas as categorias, e o saldo de admissões em “informação e comunicação” apresentou o maior impacto positivo no agregado”, afirma.

Volta do trabalho presencial

Outro destaque para o mês foi o setor do comércio, segundo Bruno Imaizumi. “Mesmo não sendo o setor que mais gera vagas no país, foi destaque, pois houve um crescimento acentuado de julho para setembro, beneficiado tanto pela reabertura econômica quanto pela transferência de recursos públicos a diversos seguimentos da população”, explica. Imaizumi cita ainda o retorno das empresas para regime presencial, deixando para trás o esquema home office e híbrido de trabalho. O ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, afirmou durante a coletiva de imprensa de apresentação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, destacou também a criação de postos de trabalho na indústria, o terceiro setor que mais criou vagas no mês. Segundo os dados do Caged, foram 56.909 novos postos criados no setor da indústria geral no mês de setembro.

Acomodação do mercado

Comparado ao mês de agosto, a geração de empregos em serviço registrou uma desaceleração de 13,1%. Segundo analistas, isso é uma sinalização de uma acomodação no mercado de trabalho. Na visão de Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da USP, o resultado é bom, mas tem algumas ressalvas. Para ele, o cenário positivo está ligado ao fator sazonal, pois é um período no qual as empresas contratam mais para suprir a demanda do final de ano. “Mesmo com números positivos, os resultados mostram uma tendência de desaceleração de crescimento. De janeiro a setembro deste ano houve alta de 11,7% nas contratações, comparando com o mesmo período do ano passado. Já os registros de desligamentos subiram 16,6% neste mesmo espaço de comparação. Isso mostra que as empresas estão mais demitindo do que contratando”, analisa. Zylberstajn fala também sobre o salário médio dos novos contratos. “Houve uma queda nominal na remuneração dos empregadores, ou seja, não foram corrigidos pela inflação. Isso é um movimento sazonal, pois nesta época há uma maior contratação de temporários, que já têm um salário mais baixo que o normal”, pontua. Sobre a desaceleração na criação de novas vagas no mês setembro deste ano em comparação a setembro de 2021, o ministro do Trabalho e Previdência lembrou que no ano passado o mercado vivia um reaquecimento por conta da retomada das atividades após a segunda onda de Covid-19 no Brasil.

Add a Comment

Your email address will not be published.